Exposição Colectiva de Teresa Cortez e Ídasse
de 10 de Julho a 03 de Agosto
[...] Ídasse revelou-se como um pintor, desenhador, xamânico. Os seus desenhos a carvão dos sáurios e demais figuras de uma esquizo-morfologia nocturna e de uma palpitação demoníaca nunca careceram da corajosa colaboração daquele que em desenhando-os é o seu relator, como se salvasse para o visível as figuras do caos. É o que as torna vivas, não há nelas a distância da cópia.
[...] A pedra, a sua execução mais lenta, o esforço de a converter em expressão, o diálogo com as formas que o mármore impõe, levaram Ídasse a decisões paradoxalmente mais rápidas e mais gráficas, que depois das infindas metamorfoses que explorou na pintura e no desenho (e que em alguns momentos ainda afloram nestes trabalhos), o conduziram a uma composição mais humana, isto é, mais nua. Creio, como se diz no poema acima que a pedra permitiu a Ídasse a reaprendizagem do humano.
António Cabrita, Junho 2018
Teresa Cortez, ao longo da sua carreira, consegue caldear uma iniciação experimental adquirida em ambiente fabril de largas tradições na arte cerâmica, uma formação académica centrada na aprendizagem destas técnicas específicas e a sua própria sensibilidade vocacionada para esta forma de expressão artística tão enraizada na nossa cultura atingindo, por mérito próprio, um lugar de destaque entre os ceramistas portugueses.
A sua sensibilidade artística é sustentada num saber técnico que lhe permite abordar os efeitos matéricos de forma exemplar, caracterizando-se as suas obras por informalismo expressionista, em que os vidrados brancos e transparentes se sobrepõem aos desenhos, gerando efeitos estéticos cromáticos pouco comuns na nossa cerâmica.
Querubim Lapa, in Catalogo da exposição de cerâmica no Reservatório da Patriarcal em Julho/98